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Desde tenra idade que tenho um dom, detetar paixões, por mais secretas que sejam, se me cruzo simultaneamente com a pessoa apaixonada e com a pessoa objeto da sua paixão, não há nada a fazer, uma espécie de alarme soa e fico a saber que existe ali um sentimento.
Na adolescência este dom foi-me muito útil para detetar pretendentes, evitar desilusões e ajudar todas as minhas amigas e alguns amigos, este dom rapidamente evoluiu para cupido e frequentemente o usei para juntar os casais mais tímidos ou distraídos.
O grande problema deu-se com a vida adulta quando as relações se complicam e é um desses casos complicados que me tem deixado apreensiva.
Um verdadeiro quádruplo amoroso, que os intervenientes não fazem ideia que esteja a acontecer.
Irei usar nomes fictícios para descrever a situação.
A Maria, amiga do coração está apaixonada pelo Ricardo, bom rapaz, de boas famílias, uma aposta segura para qualquer mulher que procure um marido
O Ricardo está apaixonadíssimo pela Inês, uma doidivanas, a minha amiga mais desprendida que não consegue manter-se em nenhuma relação por mais de 1 mês.
A Inês tem sentimentos pelo Ricardo desde sempre, mas o seu espírito aventureiro não a deixa admitir que o que deseja verdadeiramente é assentar com o Ricardo que é tudo o que sempre desejou.
O Tiago um daqueles rapazes lindos de morrer, simpático e inteligente mas que tem o defeito de ser demasiado namoradeiro está apaixonado pela Inês. A única mulher suficientemente desafiante para o levar à paixão.
E leva pois os dois vivem uma relação colorida há anos, ele para ela é o companheiro de farras, ela é para ele a mulher da vida dele, mas ele nunca o admitiu em voz alta.
E qual o dilema?
O Ricardo cansado de perseguir a Inês pediu a Maria em namoro, ela que sempre ansiou que ele parasse dois segundos para olhar para ela aceitou na hora, sem hesitar.
A Inês quando soube do noivado do Ricardo decidiu pedir o Tiago em namoro, percebeu que não pode ter o Ricardo e a pressão dos pais fizeram-na avançar.
O Tiago nem queria acreditar que finalmente ela percebeu que foram feitos um para outro.
A única pessoa que sabe de todos estes detalhes sou eu, uns confessados, outros por intuição.
E agora o que faço?
Deixo que a Maria e o Tiago vivam o amor que tanto desejaram, a verdade é que o Ricardo parece talhado para a Maria e a Inês para o Tiago.
Ou digo a Inês e a Ricardo que estão a cometer um erro? Porque afinal gostam um do outro.
Tudo seria mais fácil se as relações não estivessem a evoluir à velocidade da luz, mas uns já estão noivos e os outros dois preparam-se para noivar.
Com a agravante que se Ricardo algum dia apresentar Inês como namorada os seus pais provavelmente o deserdariam.
Este dilema poderia ser a base para um lindo romance, mas não é ficção, é real e eu sou a única pessoa que sabe a verdade e que irá estar com quatro sob o mesmo teto daqui no fim-de-semana durante quatro dias inteiros em Itália num cenário edílico e propício ao romance.
Pensei em contar a alguns amigos que estarão connosco para me ajudarem a trocar os pares durante o baile de máscaras, já que ninguém saberá quem é quem.
Já elaborei o plano, mas estou indecisa em leva-lo adiante porque a Maria se descobrir nunca me perdoará e ela é demasiado importante na minha vida.
As sextas para mim são tão doces como amargas, porquê?
Porque a sexta é o dia mais atarefado da semana, a nível de trabalho envolve fazer pontos de situação e um plano para a semana seguinte, escolhi este método para ter umas segundas mais calmas, mas obriga-me a uma ginástica enorme já que tenho de fazer o balanço e o planeamento durante a parte da manhã de sexta sem descurar as restantes tarefas.
Reservo sempre as tardes de sexta para eventualidades que podem ser de trabalho ou de lazer, em cada três tardes de sexta acontece uma de duas situações: um evento empresarial ou um convite inesperado.
Hoje pensei que seria o dia em que não aconteceria nenhuma das duas, enganei-me, no espaço de dez minutos, tenho um cocktail ao fim da tarde e um convite para um fim-de-semana fora, o problema?
Não posso recusar nenhuma das solicitações, uma porque uma é importante para os negócios, outra porque seria um sacrilégio, mas o tempo é apertado.
Estes meus amigos não entendem que estes convites em cima da hora dão cabo dos nervos a qualquer mulher.
Felizmente sou uma mulher prevenida e por isso o que poderia ser uma grande dor de cabeça é apenas um stress mínimo, no escritório guardo sempre três vestidos de cocktail para eventualidades e em casa nos meses de Verão uma mala com o essencial para três dia de praia e no Inverno uma mala com o essencial para três dias de neve.
Assunto resolvido, saio do escritório direta para o cocktail, uma hora de charme, falo com as pessoas mais importantes e sigo a toda a velocidade para o rendez-vous do fim-de-semana, a minha amiga Di já está encarregue de levantar a minha mala.
Como diz a minha sábia avó o sucesso da mulher não reside apenas na organização, mas na antecipação de necessidades.
Um conselho de família que partilho hoje com vocês.